(Texto de Rubem Alves do livro: “As Cores do Crepúsculo – A estética do envelhecer”)
O tempo se mede com batidas. Pode ser medido com as batidas de um relógio ou pode ser medido com as batidas do coração. Os gregos, mais sensíveis do que nós, tinham duas palavras diferentes para indicar esses dois tempos.
Trabalho
com demência há vários anos e vejo que cuidadores e
familiares raramente se dão conta de que um portador de demência,
na maior parte do tempo, vive um mundo particular e falam de coisas, fatos,
sensações, desejos e sentimentos, que para nós são distantes ou irreais. Nossa
primeira reação é, normalmente, repreender o paciente, tentar explicar-lhe
as verdades do mundo real e se exasperar com a dificuldade de fazê-lo
entender que está fora da realidade atual.
ALZHEIMER: Dicas para tornar as festas de fim de ano mais agradáveis.
A
pandemia do COVID-19 nos impõe, a todos, cuidados que limitam os encontros
felizes de Natal e Ano Novo. Entretanto, lembremos que este é um período do ano
para viver com alegria, e mais que nunca compartilhar bons momentos com amigos
e familiares.
Porém
para muitas famílias que têm um idoso com Alzheimer ou outras demências, as
festas de fim de ano podem se transformar em verdadeiro desafio e trazer à tona
sentimentos de perdas das coisas boas que costumavam fazer.
Aqui vão algumas dicas que podem auxiliar nestes dias, para torná-los dias mais fáceis e alegres para todos, para o idoso com Alzheimer e, principalmente para o cuidador.
Convencer
uma pessoa com Alzheimer de que ela deve parar de dirigir
o carro, pode ser uma das mais difíceis tarefas que um cuidador
vai enfrentar.
Imagine
como você se sentiria se fosse proibido de dirigir – pegar o carro, ir aonde
quiser e quando quiser, NÃO PODE MAIS! E agora! Sua liberdade, autonomia e
mobilidade se foram, e subitamente você tem que contar com a ajuda de outros
para suas necessidades de deslocamento.
Como as lembranças podem alegrar um paciente de Alzheimer
Fato marcante na doença de Alzheimer é que a perda de memória acontece na ordem reversa, isto é, a memória recente se perde mais do que a memória antiga. A doença de Alzheimer começa no hipotálamo, região do cérebro responsável por colocar experiências na memória. Quando o hipotálamo é danificado, experiências recentes não têm oportunidade de serem gravadas na memória. Assim, à medida que a doença avança, as lembranças de fatos mais antigos vão ficando disponíveis e, progressivamente, aquelas de fatos mais recentes vão se perdendo. Tal fenômeno é responsável por muitos dos comportamentos e sintomas comumente associados à doença e, seus efeitos precisam ser levados em consideração na hora da comunicação com o paciente e da escolha de suas atividades .