CONDUTAS PARA LIDAR COM OS COMPORTAMENTOS (RAIVA) EM DEMÊNCIA FRONTO TEMPORAL.

CONDUTAS PARA LIDAR COM OS COMPORTAMENTOS (RAIVA) EM DEMÊNCIA FRONTO TEMPORAL.

Há momentos em que todos nós ficamos furiosos, de nós mesmos, dos outros, das situações. A maioria de nós, entretanto,  tem poder e discernimento suficientes para ler os rostos e a linguagem corporal de outras pessoas e nos desculparmos, ao perceber que erramos, que extrapolamos o limite do razoável. Esse discernimento e essa percepção podem ser perdidos à medida que o lobo frontal, o córtex pré-frontal e outras partes do cérebro apresentam comprometimento. Comportamentos alterados, na maioria das vezes, são resultado de algum dano cerebral (Ex. Processos demenciais).

Particularmente, em se tratando de pessoa idosa com Demência Fronto Temporal (DFT), o número de situações de frustração e desagrado aumenta exponencialmente, por causa das mudanças cerebrais.

Veja o que pode estar se passando na cabeça dessa pessoa:

– “O mundo não faz sentido. Todo mundo está me dizendo que estou errado … mas não estou !! Estou tentando atender minhas necessidades e viver minha vida, mas estou constantemente com problemas. E todo mundo reclama de mim. Tudo o que ouço é “NÃO”. Não sou burro nem criança, mas estou começando a me sentir culpado”.

Algumas pessoas com DFT, frequentemente, perdem etapas lógicas no desenvolvimento de uma conversa. Isso acontece porque seus circuitos lógicos no lobo frontal sofrem falhas intermitentes. E então, há uma tendência de, ao ouvir uma negativa, uma frase contrária ou desagradável, elas se deligarem do assunto. 

Quais estratégias usar para manter atenta uma pessoa idosa com DFT?

  • A técnica do “Sim”

Durante um diálogo, evite iniciar uma resposta com “Não”, pois esta palavra impedirá que ela entenda o que vem em seguida. Em vez disso, utilize sempre o “Sim” ao iniciar uma resposta a alguma pergunta. Isso a manterá ouvindo, “ligada”.
O “Sim” significa uma validação; é como se você dissesse – ‘Sim, eu entendo sua pergunta ou solicitação’. 
Utilizar esta técnica não é fácil e requer um pouco de prática e bastante atenção. Então, a melhor dica é lembrar-se sempre de iniciar sua resposta com um “Sim”, especialmente se você suspeitar que o assunto criou alguma tensão ou ansiedade.

  • Evite contra argumentar. Evite confrontos. Evite contradizer.

Com calma, olhe nos olhos da pessoa. Sua atenção é um sinal de respeito e abertura. Mostre a ela que você compreendeu a mensagem emitida por ela.

Discussão e debate, baseados em argumentos lógicos, não são ferramentas de comunicação eficazes quando a lógica se torna uma deficiência na pessoa com demência.  Você não “vencerá” essa discussão e ainda, muito provavelmente causará frustração e provocará raiva.    

  • Mude suas atitudes ou ações. 

A pessoa com demência já não consegue mais mudar a atitude dela. Você tem que se conscientizar de que, devido ao processo da doença, ela é incapaz de ser diferente. Resta a você encontrar uma maneira de adaptar sua maneira de agir. Deste modo, a forma de conduzir os assuntos só depende de você. Não envolva a pessoa em seus assuntos, seus problemas, seus compromissos, seus sentimentos. Por que ela deveria se preocupar com isso? Ela está, provavelmente, entrando numa fase em que prevalecem apenas escolhas do tipo “quero/não quero e gosto/não gosto”, não se interessando mais pelos porquês.

Procure atender a todos os seus desejos e necessidades. Concorde com tudo que seja possível e desde que não leve a uma situação de perigo.

Quanto mais avançado for o processo da doença, mais você deverá colocar os desejos da pessoa com demência acima dos seus. No começo, isso parece fácil, mas não é, porque tendemos a pensar que ela ainda tem controle sobre o que faz, que faz as coisas de caso pensado, de propósito. Essa ‘fase’ dura muito tempo. 

Se você sugerir algo que não esteja plenamente de acordo com as escolhas dela, você será visto como inimigo. Você precisa evitar isso.

  • Baixe seus padrões de exigência

Não espere nada da pessoa para não ficar desapontado.

Não espere que ela se preocupe ou participe dos assuntos. Não espere empatia, humor, envolvimento, conversa ou positividade.

  • Aprenda a se controlar e a não expor suas emoções negativas

Esforce-se para mostrar apenas expressões positivas ou neutras em seu rosto, independentemente das provocações. Saiba que a raiva pode aumentar ainda mais se ela perceber que você desaprova uma ação ou se está chateado de alguma forma.

  • Urgência

A pessoa em estado de raiva geralmente quer urgência e mostra impaciência. Tente rapidamente mudar o foco, sugerindo alguma atividade agradável ou de lazer: “Que tal irmos ao shopping?”; “Vamos dar uma volta?”; “Vamos tomar um suco?”.

CUIDAR DE ALGUÉM  COM DEMÊNCIA EXIGE SUBJETIVIDADE,  ESFORÇO PARA MANTER O CONTROLE EMOCIONAL E GRANDE DEDICAÇÃO. TUDO ISSO CONSOME MUITA ENERGIA DE QUEM CUIDA, NECESSITANDO TAMBÉM SER CUIDADO.

Postado em 4/03/2020 –  Dra. Rita Jablonski em MDYB – Make Dementia Your B. Disponível em:  https://makedementiayourbitch.com/about/

(Tradução e adaptação – Equipe 3i+)

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About Cida Griza

. Terapeuta Ocupacional . Especialista em Saúde Mental, Psicopatologia e Psicanálise - PUC/PR . Especialização em Atenção à Saúde do idoso (Gerontologia) - UFSC/SC . Especialista em Rede de Atenção à Saúde de Pessoas com Deficiência - UNESC . Terapeuta Ocupacional responsável pela SEVEN SENSES de Florianópolis . Coordenadora da Abraz-Subregional de Joinville/SC (2002 - 2010) . Professora do curso de pós graduação em Gerontologia - FURB/SC

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