NÓS CUIDADORES SOMOS BONS! Não há por que sentir CULPA.
A CULPA É UM DOS PIORES SENTIMENTOS DE UM CUIDADOR DE PACIENTES COM ALZHEIMER.
CULPA é um dos piores sentimento dentre as chamadas “7 emoções mortais” para o cuidador de Alzheimer, juntamente com o ressentimento, preocupação, medo, raiva, solidão e tristeza.
A culpa é muito estressante porque quase sempre não se baseia na realidade, é um produto da mente do cuidador, não havendo nenhuma razão para se sentir culpado. Normalmente decorre, contraditoriamente, do próprio trabalho de cuidar. Queremos o melhor para o paciente, queremos que as coisas andem bem, que o paciente esteja seguro, se sinta feliz, participativo, livre de dores e preocupações.
Nós somos bons!
Mas inerente a estas sublimes aspirações há um sentimento incômodo de nunca estar sendo bons o bastante.
Tipos de Culpa
A culpa se manifesta de várias formas:
- Culpa pelo que não está fazendo. “Eu deveria estar alegrando mais o paciente …” ou “deveria fazer refeições mais saudáveis …” ou ainda “deveríamos estar ambos fazendo mais exercícios … “
- Culpa pelo que está fazendo. “Sinto-me mal quando deixo minha mãe no centro-dia, mas é que eu preciso de um tempo para mim …”, “eu não deveria apressá-la a tomar banho …” ou “tenho que ser capaz de lidar com isso sem reclamar – afinal eu a amo”.
- Culpa por não estar fazendo o bastante. Após anos de luta, um cuidador ficou angustiado sobre se era hora certa de internar sua mãe diabética, com demência, que estava ficando obesa e com incontinência. Quando sua mãe precisou de uma amputação, o médico disse que não havia nada melhor a fazer, naquele momento. Apesar disso o cuidador sentiu-se culpado por sua mãe. “Eu sinto que eu poderia ter feito mais …”
- Culpa por estar longe. Cuidadores à distância sentem que dar apoio financeiro e por telefone não é suficiente. Aqueles que internam seus idosos em casas de repouso são tomados por sentimentos de culpa por não presentes 24/7 (24 horas, 7 dias por semana) mesmo que pacientes já não tenham a percepção da ausência.
- Culpa por sentirem-se bem ou felizes. “Estou de bom humor hoje – oh, espere, eu não deveria estar, porque minha mãe está com Alzheimer!” … “Por que estou tão saudável e ela está nesta situação terrível?”.
O que você, cuidador, precisa saber sobre culpa.
Como visto nos exemplos, sempre haverá motivos para sentimentos de culpa no reino de cuidadores de pacientes com Alzheimer.
Você não consegue ignorar este sentimento, que fica martelando em seu cérebro, independente do que você faz ou deixa de fazer.
Culpa boa
Ocasionalmente a culpa pode até ser uma emoção produtiva. Vamos chamar de “culpa boa” – a voz incômoda que martela sua mente leva-nos a examinar nosso comportamento e decidir que é necessária uma mudança.
Se você se sente culpado ao perder a paciência com o doente, por exemplo, isto é como uma cutucada lembrando que você deve se controlar mais ou respirar fundo da próxima vez.
Culpa ruim
Infelizmente, entretanto, a maioria dos sentimentos de culpa é do tipo “culpa ruim”.
A culpa ruim nos derruba por razões irreais e contraproducentes – sem falar que este autoflagelo consome preciosa energia mental.
O que pode ajudar você:
- Atenção para “palavras indicativas de perigo”, como “deve”, “precisa”, “tem que”, “sempre”, “nunca”. Elimine-as do seu vocabulário; elas são sinais de alerta de que você está estipulando objetivos muito altos. Quando você se ouvir falando “eu devo … ” agite seu dedo indicador para se lembrar. “Sempre” e “nunca” são palavras tóxicas porque criam motivos de culpa futura. Não prometa coisas sobre as quais não tem 100% de certeza.
- Não se anule. Por ironia, pessoas altruístas (personalidade dominante em cuidadores) tendem a se sentir proporcionalmente mais culpadas. Devido a elas trabalharem arduamente aspirando o ideal de fazer coisas pelos outros, acabam por ignorar a realidade de que precisam também se preocupar com elas próprias. Chegam mesmo a esquecer que merecem paradas e descansos. Quando conseguem se relaxar num banho mais longo ou num almoço com amigos, sentem-se egoístas alienados. Acredite em suas necessidades, suas percepções, seus valores.
- Busque ser um cuidador B+. Notas A são para estudantes em graduação e obcecados que vivem fora do sistema, e não para meros mortais que têm casa para cuidar, relacionamentos para manter, trabalhos a fazer, contas a pagar e sanidade para defender. Nenhum cuidador consegue prever tudo – quedas, escaras, germens se esgueirando, comportamentos descontrolados. Em outras palavras, estas coisas acontecem. Não importa quanto você gosta da pessoa de quem cuida ou quanto você sente que “deve” a esta pessoa, você será mais feliz se você baixar seus padrões de exigência ao nível da vida real. Perseguindo uma nota B, você estará atingindo bons e consistentes resultados, e sinta-se feliz se ocasionalmente tirar um A, em lugar de se cobrar por não ter tirado as melhores notas.
- Lembre-se dos seus verdadeiros objetivos. Idealmente, você deve lutar para dar à pessoa amada uma vida segura, livre de preocupações ou dores, mas ao mesmo tempo, procurar manter sua própria qualidade de vida e saúde. Não se castigue por pequenas coisas.
- Evite comparações. Sentimo-nos culpados quando vemos que nos desviamos de algum ideal imaginado. De onde vêm tais ideiais? Quase sempre de nossa própria mente. Nós nos comparamos a outras pessoas, sem parar para pensar no nível de estresse e apoio dessas pessoas, sem lembrar que cada caso é um caso. Você está dentro da casa dessas pessoas para ver o que lá acontece? O que importa é você e suas condições, e como tornar tão fácil quanto possível sua difícil situação.
- Veja nisso um sinal de força, não de fraqueza, e peça ajuda. Pessoas fortes e inteligentes sabem que cuidar de Alzheimer não pode ser uma tarefa isolada e solitária. Quanto mais você delegar e dividir com outras pessoas, melhor. Somente pessoas auto\suficientes, arrogantes e com obstinada ignorância da realidade podem pensar que conseguem fazer tudo sozinhos.
- Procure um médico (ou um terapeuta). Não há nada melhor que ouvir uma terceira pessoa neutra. “Não, você não tem do que se sentir culpado neste caso.” Frequentemente não acreditamos no óbvio até ouvirmos o mesmo de uma fonte neutra e confiável.
Este artigo foi extraído do livro – SURVIVING ALZHEIMER’S: Practical tips and soul-saving wisdom for caregivers” escrito por Paula Spencer Scott (Artigo traduzido por T. Mizutani)
Artigo
original em: Alzheimer’s Reading room
http://www.alzheimersreadingroom.com/2015/04/guilt-emotions-alzheimers-caregiving.html
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