COMO RESPONDER A REPETIÇÕES DE PERGUNTAS E CONVERSAS

Por que a pessoa com Alzheimer se repete?

Primeiro é importante entender por que uma pessoa com Alzheimer está preso nesses ciclos repetitivos de conversa.

A principal causa de qualquer mudança comportamental em uma pessoa com Alzheimer é a deterioração progressiva das células cerebrais , o que cria um declínio constante na capacidade de interagir com o mundo.

De modo geral, a pessoa está se repetindo porque não se lembra de que já fez a pergunta ou concluiu a tarefa. A causa é um pouco mais profunda do que parece.

Fazer uma pergunta ou concluir uma ação, repetidamente, pode oferecer à pessoa uma sensação de segurança.

Também é possível que a pessoa esteja pedindo ajuda ou tentando expressar uma preocupação que não consegue verbalizar adequadamente, levando-a a repetir as mesmas perguntas ou ações na tentativa de resolver o problema.

Formas de responder a repetições de conversa

A repetição de conversas é profundamente frustrante para você como cuidador, pois essas perguntas ou ações repetidas podem fazer com que pareça que você está falando no vazio. Você quer oferecer à pessoa cuidados no dia a dia , mas é fácil se sentir esgotado e irritado, quando tem que lidar com a mesma questão oito, dez vezes por dia.

Dicas que podem ajudar

Responda às emoções e não às palavras

Quando a pessoa com Alzheimer repete uma pergunta várias vezes, é importante lembrar que ela pode não estar perguntando porque quer uma resposta para a pergunta em si.

Em vez disso, está buscando conforto e segurança, e a única maneira de saber como pedir isso é repetindo sempre a mesma pergunta ou ação.

Em vez de responder às palavras, o que facilita a irritação, concentre-se nas emoções que podem estar causando a repetição e responda a elas. Ela está ansiosa? Confusa?

Se a pessoa querida com Alzheimer estiver ansiosa, tente acalmá-la com um abraço ou outro movimento reconfortante, enquanto responde calmamente à pergunta. Isso pode ajudar a acalmá-la o suficiente para que não sinta a necessidade de continuar perguntando.

Método de validação

Outra estratégia útil em seu arsenal é o método de validação.

Lembre-se de que a pessoa pode não saber o que está acontecendo e não se lembrar de quando você tentou corrigi-la; portanto, tentar trazê-la de volta à realidade pode não dar resultado. Em verdade, pode confundi-la ainda mais.

Em vez disso, reconheça a versão da pessoa, do que está acontecendo e tente dissipar gentilmente suas ansiedades sem corrigi-la.

Por exemplo, se a pessoa diz que a parede é verde, adianta dizer a ela que a parede é na realidade azul? Você pode concordar – sim, a parede parece verde vista deste ângulo – assim você está validando e não ignorando a versão.

Isso pode ser mais difícil se o assunto repetido for mais complexo, como achar que há uma guerra acontecendo por causa da reportagem que viu no noticiário. Tentar dissuadi-la não ajudará em sua ansiedade, mas você também não pode fingir que há uma guerra acontecendo, pois isso só a assustará ainda mais.

Em vez disso, reconheça suas preocupações sobre segurança e assegure-lhe que não há perigo nesta área e que você a manterá segura.

Use respostas curtas

Independentemente de como você lida com a situação em questão, é sempre melhor usar respostas breves. Não entre em longas explicações da mesma forma que responderia a qualquer outra pessoa. Você não pode falar com alguém com demência da mesma forma que falaria com qualquer outra pessoa.

Tenha em mente que é difícil para alguém com demência manter longas conversas e acompanhar respostas longas – ela pode nem se lembrar mais do início da resposta, quando você terminar.

Quanto mais curta a resposta, mais fácil será para ela processá-la. Isso também economiza tempo, energia e frustração quando você precisa repetir a resposta mais dezenas de vezes.

Afaste-se um pouco

Tente se acalmar e se retirar da situação por alguns minutos.

É frustrante e difícil de lembrar no momento, mas não se esqueça de que a pessoa com demência não está fazendo isso para irritá-lo. Ficar com raiva não vai ajudar.

Reserve um tempo para se afastar. Faça uma outra tarefa, verifique suas notificações nas redes sociais ou e-mail ou apenas sente-se em outro canto por alguns minutos. Quando voltar, será mais fácil responder com gentileza.


Tradução do artigo “How to Respond When a Dementia Patient Keeps Repeating Themselves” publicado em SEASONS. Original disponível clicando aqui.


POLÍTICA EDITORIAL: O site TERCEIRA IDADE MELHOR acredita que a educação é a chave para o sucesso no atendimento a pessoas com ALZHEIMER e outras demências. Trabalhamos para garantir que a seleção de recursos e conteúdos sobre IDOSOS, ALZHEIMER e outras demências, aqui publicados contribuam para a conscientização e apoio a famílias e profissionais que se dedicam aos idosos.

Observação: As informações contidas neste site não devem ser usadas como substitutivo de cuidados e aconselhamentos médicos.


Publicado por: Maria Aparecida Griza (CIDA GRIZA)       Especialista em Saúde Mental. Psicopatologia e Psicanálise / PUCPR    |     Especialista em Atenção à Saúde da Pessoa Idosa – Gerontologia / UFSC    |     Especialista em Rede de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência


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  1. 2 thoughts on “COMO RESPONDER A REPETIÇÕES DE PERGUNTAS E CONVERSAS

    Olá, minha mãe foi diagnosticada aos 91 anos e desde então passou a morar comigo, meu marido e filhos; ela se tornou a nossa rainha, onde tivemos a oportunidade de retribuir um pouco de tudo o que nos deu. Quando ela repetia a mesma coisa, ou fazia a mesma pergunta eu costumava responder de formas diferentes, como por exemplo: vai chover forte hoje? Resposta: Parece que sim, ou vamos ver o que diz a meteorologia? Está quente mesmo, ou está ventando, pode ser que se espalhe…ou ainda a senhora gosta de chuva? Brincava muito na chuva quando criança? E assim não ficava cansativo e desgastante. Descobri que o mais importante não era ter razão, era tentar ter leveza, um dia de cada vez. Sinto muitas saudades da minha querida mãe.

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