E o que fazer quando o idoso com Alzheimer quer ir para casa mesmo estando em casa?
“O desejo de ir para casa” é na verdade um dos sinais comuns da síndrome da perambulação.
Especificamente neste caso, tentativa de convencer o idoso com Alzheimer de que a casa dele é esta em que ele se encontra, mostrando o endereço, falando dos lugares das proximidades (a padaria, o bar da esquina, etc.), é uma atitude frustrante pois é infrutífero. Insistir em fazê-lo entender que esta é a casa dele, pode, ao contrário, levá-lo a angústia e irritação, porque pode achar que estão tentando enganá-lo.
O que fazer?
Primeiramente é preciso:
– Entrar na realidade dele
– Usar atitudes e palavras que acalmem o idoso
– Dizer que vai com ele para casa; sair com ele, é trabalhoso, mas pegue o carro e dê uma volta; ao retornar afirme: “Já chegamos; agora você está em casa!”.
– Montar uma estratégia para prevenir a perambulação e reduzir os riscos decorrentes
O que é inquietação e perambulação em Alzheimer?
A inquietação é um dos sintomas mais comuns da doença de Alzheimer. Três em cada cinco idosos com Alzheimer perambulam, vagueiam, durante o curso da doença, com predominância na fase intermediária.
Algumas vezes idosos com Alzheimer saem pelas ruas com um propósito específico em mente:
– Podem estar perdidos na memória em algum momento de seu passado ou infância, tentando executar uma atividade que costumavam fazer;
– Podem estar procurando algo que não conseguem encontrar;
– Ou ainda uma tentativa para retornar a algum lugar no passado e de vaga lembrança, como por exemplo “querer voltar para casa”
Infelizmente, este sintoma de Alzheimer é particularmente perigoso, com ameaças à própria vida. Aproximadamente 04 em cada 100 idosos com deficiência de memória que perambulam longe de casa, não são capazes de voltar sem assistência.
Quando acontecem a inquietação e a perambulação em Alzheimer?
Em algum estágio da doença, os idosos com Alzheimer poderão vivenciar a síndrome da perambulação.
Alguns sinais de que o idoso está começando a apresentar a síndrome da perambulação:
– Está muito inquieto e faz movimentos repetitivos
-Tem dificuldade de encontrar lugares como banheiros ou cozinha
-Fica procurando saber onde estão as pessoas da família
-Mostra-se perdido ou confuso em ambientes novos ou desconhecidos
-Tenta ir para o trabalho ou fazer alguma obrigação antiga
-Querer voltar para casa – alguma casa em que morou no passado
Em alguns casos, pode até mesmo não apresentar sinais claros de que atitudes de perambulação estejam prestes a ocorrer.
Estratégias para lidar com a síndrome da perambulação
l. Nunca deixe o idoso só em casa.
2. Canalize o gasto de energia do idoso a atividades físicas e recreativas, musicoterapia, contato com animais, passeios de carro e outras atividades prescritas pela terapia ocupacional e sempre sob orientação profissional.
3. Se morar em casa, para que o idoso possa fazer caminhada pelo jardim ou quintal, verifique a segurança da cerca / muros e portões.
4. Assegure-se de que ele está atendido em suas necessidades básicas, como fome, sede, idas a banheiro, assim que ele começar a perambular e se mostrar inquieto. Algumas vezes a perambulação noturna pode estar associada à fome ou sede. Deixe na cabeceira um copo de água e um biscoito leve.
5. Mantenha alguma iluminação noturna nos corredores para prevenir eventuais quedas.
6. Certifique-se de que as portas de saída têm chaves e trancas que dificultem a abertura ou camufle as maçanetas. Dependendo da situação, pode também haver necessidade de instalar grades/redes nas janelas ou detectores de movimento que deem sinais de alerta ao se abrir ou fechar a porta. Uma solução mais simples é colocar sinos pendurados nas portas.
7. Coloque placas com avisos bem visíveis nas saídas com dizeres como “Pare” ou “Não entre” (condição válida somente enquanto o paciente apresentar capacidade de decodificar mensagens escritas).
8. Deixe vizinhos cientes das condições do idoso e mantenha à mão uma lista de nomes das pessoas e respectivos números de telefones para quando você precisar de ajuda
9. Certifique-se de que o idoso sempre carrega uma identidade. Mais indicado é a utilização de um bracelete/pulseira com os dados de identificação (nome e telefone). Você pode também costurar uma etiqueta de identificação internamente na roupa.
10. Se tiver que sair com o idoso em local de grande fluxo de pessoas, vista-o com roupas com cores fortes que permitam visualizá-lo mesmo à alguma distância.
11. Se houver condições financeiras, lance mão da tecnologia que oferece modernos equipamentos de rastreamento que através de pulseiras contendo microtransmissoras de rádio, de curto alcance, projetados para soar alarmes numa central de controle, caso o idoso se afaste para fora de um perímetro pré-definido.
12. Procure criar uma rotina de levá-lo para dormir sempre na mesma hora; evite que durma durante o dia e elimine o café (cafeína), pois a perambulação pode ser consequência de insônia e noites mal dormidas.
13. Finalmente, se nenhuma destas medidas for suficiente, procure seu médico para averiguar eventuais causas subjacentes, não aparentes, ou, se for o caso, para prescrever medicamentos adequados que reduzam os estados de inquietude e de perambulação.
POLÍTICA EDITORIAL: O site TERCEIRA IDADE MELHOR acredita que a educação é a chave para o sucesso no atendimento a pessoas com ALZHEIMER e outras demências. Trabalhamos para garantir que a seleção de recursos e conteúdos sobre IDOSOS, ALZHEIMER e outras demências, aqui publicados contribuam para a conscientização e apoio a famílias e profissionais que se dedicam aos idosos.
Observação: As informações contidas neste site não devem ser usadas como substitutivo de cuidados e aconselhamentos médicos.
Publicado por: Maria Aparecida Griza (CIDA GRIZA) Especialista em Saúde Mental. Psicopatologia e Psicanálise / PUCPR | Especialista em Atenção à Saúde da Pessoa Idosa – Gerontologia / UFSC | Especialista em Rede de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência
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