Como lidar com a doença nos estágios intermediários?
Cuidar de uma pessoa com doença de Alzheimer (DA) é uma tarefa muto difícil, pois cada dia traz novos desafios e principalmente com mudanças nos níveis de habilidade e nos padrões de comportamento da pessoa.
Nos últimos anos, foram feitas tentativas para categorizar os estágios da doença de Alzheimer, a fim de avaliar a progressão da doença. O conhecimento desses estágios pode ajudar os cuidadores a se prepararem para as necessidades futuras da pessoa, bem como para determinar sua própria capacidade de enfrentamento e planejamento.
Para compreender melhor o estágio intermediário da DA, é preciso entender também os estágios iniciais e finais.
Para compreender melhor o estágio intermediário da DA, é preciso entender também os estágios iniciais e finais. Veja:“Como a doença progride? Quais as fases da doença”
Fase intermediária (Demência de Alzheimer em estágio moderado)
Nesta fase, surgem grandes lacunas na memória e déficits na função cognitiva. Alguma ajuda nas atividades da vida diária (AVD’s) torna-se necessária. A pessoa com Alzheimer pode, então:
- Ser incapaz de lembrar detalhes importantes como seu endereço atual, seu número de telefone ou o nome da escola ou faculdade em que se formou.
- Ficar confusa sobre onde ela está ou sobre a data, dia da semana ou estação do ano.
- Ter problemas com aritmética simples; por exemplo, contar os números de trás para frente.
- Precisar de ajuda para escolher roupas adequadas para a estação ou a ocasião.
- Não precisar, ainda, de assistência para comer ou usar o banheiro.
À medida que a doença progride de leve para estágio intermediário, os sinais de DA vão se tornando mais perceptíveis para familiares e amigos. Então, geralmente ocorrem mudanças no relacionamento, levando os cônjuges ou filhos adultos a ter que assumir um novo papel, de cuidador, além de seus afazeres próprios. O estágio intermediário é o mais longo dos três estágios, durante esse período, a realidade da doença abate sobre a família toda.
As características deste estágio podem incluir: um aumento nos problemas de memória, desorientação de tempo e espaço, delírios, comportamentos impróprios, perambulação, agitação, mudanças claras de personalidade, níveis de motivação decrescentes, padrões de sono interrompidos, dificuldade na comunicação e nas tarefas de cuidados pessoais. Esta fase leva claramente ao aumento da dependência.
Dentre os diversos pontos a considerar, no estágio intermediário, emergem cinco considerações importantes: segurança, gerenciamento de comportamentos, atividades estruturadas, apoio ao cuidador e busca de ajuda.
1) Segurança:
Geralmente nessa fase intermediária, a necessidade de assistência do cuidador torna-se essencial para a segurança da pessoa com DA. Um ambiente seguro é fundamental neste momento, pois os problemas de memória e julgamento aumentam tornando-o mais vulnerável a incêndios, acidentes ou quedas.
Recomendações:
– Pode haver momentos para lembrar gentilmente a pessoa sobre seu diagnóstico, especialmente no que se refere a questões de segurança.
– A pessoa com DA deve ser cuidadosamente supervisionada, limitada ou mesmo impedida de dirigir. O risco tanto para ela como para terceiros é muito grande e, embora difícil, pode ser necessário tomar medidas para retirar as chaves do carro e planejar um transporte alternativo.
– Instale sistemas de monitoramento em casa, como alarmes, fechaduras ou guardas de segurança, se necessário.
– Em algum momento, questões de segurança, como deixar a torneira aberta ou o fogão ligado, ou ainda, se envolver em atividades imprevisíveis ou perigosas, podem determinar se uma pessoa precisa de supervisão 24 horas.
2) Administrando Comportamentos:
Os sintomas da DA tornam mais difícil para as pessoas manterem seu antigo estilo de vida. Muitos sintomas e comportamentos podem ser melhor gerenciados com estilos variados de comunicação, apoio médico e ajustes no ambiente doméstico.
Recomendações:
-Lembre-se do valor da pessoa com DA e responda com carinho, apoio e carinho quando puder.
– Fale sobre a AD como um “problema de memória” para ajudar a manter a dignidade.
– Apoie comportamentos positivos sem levar para o lado pessoal os comportamentos inadequados.
– Lembre-se que esta doença não é culpa de ninguém.
– Considere o manejo de comportamentos como perambulação, agressividade ou ansiedade com orientação médica.
– Se os cuidados se tornarem incontroláveis ou inseguros no ambiente doméstico, a colocação em uma casa de repouso, pode precisar ser considerada.
3) Atividades Estruturadas:
Apatia, falta de envolvimento e continuidade nas atividades são características da doença em todas as fases, mas são notadas especialmente na fase intermediária. Por isso é tão importante focar na rotina e estrutura para as atividades da vida diária. Além disso, uma das questões mais significativas é envolver a pessoa com DA em atividades que tenham significado. Cuidadores, familiares e amigos podem subestimar o que a pessoa com DA entende e superestimar o que eles podem fazer de forma independente.
Recomendações:
-As rotinas são reconfortantes para a pessoa com Alzheimer e podem substituir a perda de memória. Definir horários fixos para banho, vestir-se, refeições em casa ou jantar fora, visitar outras pessoas, intervalos para café, caminhadas, programas de TV e preparativos para dormir
– Planejar um programa diário de caminhada para promover exercícios e aliviar o estresse.
– Planejar uma atividade para cada dia e inclua pequenos projetos que proporcionem um senso de propósito e realização.
– Oferecer sugestões de comportamento consistentes ou incentivar a pessoa a terminar uma tarefa.
4) Apoio ao Cuidador:
O Alzheimer é uma doença insidiosa e tem efeitos profundos e extremos tanto na pessoa com DA quanto no cuidador. A saúde e o bem-estar do cuidador impactarão diretamente no cuidado da pessoa com Alzheimer e determinarão o rumo das decisões a serem tomadas.
Durante as fases intermediárias da DA, os próprios cuidadores começam a apresentar sinais de exaustão e estresse e, muitas vezes, adiam consultas médicas que colocam em risco seu estado de saúde. As consequências mais comuns estão associadas à angústia mental e à saúde física precária, É essencial manter o autocuidado em primeiro plano.
Recomendações:
É crucial que os cuidadores procurem apoio médico enquanto tentam lidar com a ansiedade, a frustração, a culpa e a perda enquanto passam por esse estágio.
A DA gradualmente rouba uma pessoa de suas habilidades cognitivas e funcionais, deixando o cuidador com o trabalho de fornecer cuidados 24 horas por dia. Cuidar de alguém com DA pode ter seu preço e é nessa fase que a depressão é altamente detectada entre os cuidadores devido à falta de apoio suficiente e à incidência de comportamentos problemáticos.
Procure inteirar-se de cursos para cuidadores que ensinam como administrar melhor o seu tempo, tornar-se mais assertivo em pedir ajuda aos outros, direcionar seus pensamentos de forma mais positiva e planejar o futuro.
5) Buscando ajuda:
Pedir ajuda é um sinal de força, não de fraqueza, e os cuidadores não precisam tentar fazer tudo sozinhos.
Recomendações:
Uma das maneiras mais eficazes de lidar com o cuidado é comunicar-se e receber orientação de outras pessoas, como profissionais de saúde, assistentes sociais, conselheiros, médicos ou clérigos, e ingressar em um grupo de apoio local ou pelo computador.
Manter um diário tanto para o cuidador quanto para a pessoa com Alzheimer é um ótimo recurso, pois ao detalhar as necessidades reais, pode servir de um guia para o médico e cuidador profissional que podem ter que intervir e tomar o lugar do cuidador. O diário pode registrar as experiências de cuidado — o que dói, o que não funciona e o que traz sucesso.
Este também é o momento de considerar o uso de serviços como: centro-dia para cuidados temporários, refeições entregues em casa, serviços de limpeza e tarefas domésticas ou ainda um cuidador domiciliar para fornecer assistência de cuidados pessoais.
A difícil tarefa de cuidar de um ente querido com Alzheimer, praticamente 24 horas por dia, leva o cuidador a uma sobrecarga emocional cujas consequências são a deterioração da própria saúde, É importante que o cuidador consulte regularmente o médico para manter a saúde e conte com o suporte dos demais membros da família e amigos.
Extraído e adpatado do artigo: “Persevering Through Mid-Stage Alzheimer’s Disease” publicado em TODAY’S CAREGIVER por Kristine Dwyer, LSW, MS
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Observação: As informações contidas neste site não devem ser usadas como substitutivo de cuidados e aconselhamentos médicos.
Publicado por: Maria Aparecida Griza (CIDA GRIZA) Especialista em Saúde Mental, Psicopatologia e Psicanálise / PUCPR | Especialista em Atenção à Saúde da Pessoa Idosa – Gerontologia / UFSC | Especialista em Rede de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência
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