POR QUE PESSOAS COM DEMÊNCIA DIZEM “NÃO”?

Pessoas com demência frequentemente dizem “NÃO” a quase todas perguntas ou pedidos.

E isto é um enorme desafio para o cuidador.

Existem meios de interagir com uma pessoa que tem demência, para minimizar o uso da palavra “NÃO” e conseguir sua colaboração.

Padrões de perda de memória e problemas de recuperação de informação.

Todas as demências têm em comum a característica de andar para trás no tempo.

Memórias mais recentes se vão primeiro, seguidas das mais antigas.

Pessoas com demência desaprendem tarefas e habilidades de modo reverso, isto é, tarefas aprendidas quando criança, como alimentar-se sozinho e tirar a  roupa, são algumas das últimas habilidades a serem perdidas.

Algumas memórias são gravadas mais profundamente no cérebro. A capacidade de recuperar estas memórias mais profundas e trazê-las para a superfície, vai ficando difícil com a progressão da demência.

Adultos usam muito a  palavra “não”.

O “não” algumas vezes, é um recurso para não se comprometer com mais obrigações ou para impor limites ou ainda pelo medo de desapontar os outros. O uso do “não” começa, aproximadamente, no mesmo período  em  que, em criança, aprendemos a comer com as mãos; mais tarde, na idade adulta, seu uso se torna frequente e ocorre muitas vezes por dia. De tal modo que, pode acabar por se transformar numa memória processual, isto é, numa memória de processos (memória de como fazer coisas).  A memória processual que inclui alimentar-se sozinho e escovar os dentes, por exemplo, poderá permanecer intacta,  mesmo depois de perder outras memórias, como “por quê” ou “quando” deveria fazer essas coisas.

sÉ preciso usar caminhos alternativos. Assim, se a porta da frente está fechada, que tal tentar a dos fundos … pode estar destrancada. Ou, quem sabe, tentar uma janela lateral. Pois bem, cantar e tocar música, a propósito, são podem ser caminhos alternativos de recuperação de memórias. A musica usa diferentes caminhos para chegar a memórias profundas, e por  isso, algumas pessoas que já não conseguem falar direito, repentinamente saem cantando uma canção antiga.

Demência  e “NÃO”.

Como as pessoas com demência se movem para trás no tempo, faz sentido que o uso da “não” permaneça. A capacidade de dizer “não” estará entre as últimas memórias processuais a serem perdidas. Mesmo que não se lembrem mais do significado da palavra, permanecerá a capacidade de usar a palavra para impor limites a quem está solicitando algo.

Além das questões “Sim/Não”

Quando se trabalha com pacientes com demência, aprende-se a NÃO fazer perguntas cujas respostas sejam simples “Sim”ou “Não”. Em lugar disso,  usemos, por exemplo, frases do tipo “hora de tomar banho … ” ou “aqui está seu remédio.”

Muitas palavras – memória insuficiente

Pessoas com demência em estágios mais avançados conseguem captar apenas algumas palavras de cada vez.

É desaconselhável o uso de sentenças muito longas, por exemplo, ao tentar explicar porque a medicação é importante.

Lógica e longas explicação não funcionam.

Não há memória suficiente para processar essa informação. Quando o número de palavras é maior que a capacidade de processamento, o cérebro recua para a memória processual “não”.

Diminuição dos lobos temporais causam afasia receptiva

Os lobos temporais (localizados  embaixo das orelhas) diminuem de volume na Demência de Alzheimer e na Demência Frontotemporal.

Estes mesmo lobos podem ser afetados por AVC’s causando a afasia receptiva que é comumente encontrada nos pacientes pós AVC.

Os lobos temporais ligam o som às palavras. Com a diminuição destes lobos, pessoas com demência têm dificuldade de entender as palavras faladas. Assim, elas começam a agir como se estivessem com problema de audição, dizendo: “Hein?”, “O  quê? “, “O que você disse?”, “Não consegui entender”. Na verdade, a audição funciona, mas a capacidade do cérebro de pegar a palavra da memória e ligá-la ao som está prejudicada.

Nossas palavras, então, perdem o sentido e o resultado é um “não” automático.

ESTRATÉGIAS PARA MINIMIZAR OS “NÃO”.

– Sorria gentilmente. Relaxe sua testa.

Estas duas pequenas ações suavizam seu jeito e fazem você parecer mais relaxado e amigável. Pessoas com demência especialmente em estágios de moderado a severo, confiam mais nos sinais corporais do que na linguagem falada.

– Gestos

Complemente o  que quer dizer com gestos. Podemos fazer um gesto de “venha até aqui” com as mãos.

Nunca segure ou puxe uma pessoa com demência. Em lugar disso, coloque gentilmente a mão da pessoas sobre seu punho e caminhe lado a lado com ela. Tente. 

Sempre, acene com a cabeça e sorria quando obtiver a resposta que você esperava.

– Distraia a atenção com frases alegres.

Em vez de dizer, “vamos escovar os dentes” tente dizer, por exemplo, “vamos nos divertir um pouco?”.

Naturalmente, esta técnica varia de pessoa a pessoa. Usando o método de tentativa e erro, descubra o que melhor funciona com seu paciente. Há aqueles que gostam que você cante alguma canção durante os cuidados; há também os que não gostam de muita conversa; há os que gostam de ouvir determinado estilo de música.

Enfim, faça experiências e descubra a melhor forma de distração. Exige bastante esforço mas o resultado é compensador.

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Texto original da Dra. Rita Jablonski. PhD CRNP internacionalmente reconhecida em comportamentos demenciais. Professora na Universidade de Alabama em Birmingham.

Publicado em Alzheimer’s Reading Room 

http://alzheimersreadingroom.com

Tradução: Equipe 3i+

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