Muito se tem escrito sobre a positiva influência dos avós na vida dos netos, no seu comportamento e na conscientização de valores e princípios.
Relacionamento avós e netos é pautado no amor incondicional sem cobranças e julgamentos.
Em artigo de 26/03/2014 “Conviver bem com a família contribui para a qualidade de vida dos idosos” , já tivemos a oportunidade de abordamos a importância do relacionamento entre os membros da família, na qualidade de vida dos idosos. E um dos mais notáveis por seus benefícios, é a relação avós e netos.
Entretanto, ao contrário, quando o idoso, avô ou avó, é acometido de demência, como Alzheimer, poucos estudos tem sido desenvolvidos tratando da influência dos jovens netos na qualidade de vida dos idosos.
Baseado em nossa experiência pessoal em demência, podemos assegurar que é de grande importância para os idosos com Alzheimer o convívio com os netos.
Independente da progressão da doença, mesmo em estágios avançados em que o idoso já não reconhece no jovem o seu próprio neto, a simples presença constante evoca lembranças positivas.
Haverá momentos em que o idoso não reconhecerá seu neto. Poderá confundi-lo com alguém que conheceu em sua juventude ou com seu filho quando jovem . De qualquer modo, reconhecendo ou não seu neto ou neta, a presença carinhosa produzirá boas sensações e momentos de alegria.
Um estudo publicado no International Journal of Aging and Human Development , vol. 68, n. 3, em 2009 (Jornal Internacional de Envelhecimento e Desenvolvimento Humano), relata interessante resultado de uma pesquisa realizada entre avós e netos, aqueles com demência.
De acordo com os pesquisadores, a maioria dos netos identificou algo novo que aprendeu em seu contato com a doença de seus avós. Os relatos estiveram focados em quatro temas principais:
1. Atitude perante a vida
2. Mudanças pessoais
3. Visões sobre o envelhecimento
4. Família
Atitude perante a vida
Muitos participantes disseram que a doença dos avós os forçaram a refletir sobre o significado da vida e sobre como ela deveria ser vivida.
“Acima de tudo, aprendi que nossos desejos nem sempre se realizam”, disse uma neta de 19 anos.
Uma neta de 17 anos escreveu: “Parece frio, mas acho que não vale a pena o esforço de buscar uma grande vida se todos vamos terminar daquele jeito.”
Alguns netos adotaram uma postura de coragem e determinação, ao declararem:
“É preciso lutar com unhas e dentes, nunca jogar a toalha, ainda que você se encontre na beira do mais alto abismo”, escreveu um neto de 15 anos.
“Devemos fazer o melhor possível do tempo que gastamos com as pessoas que amamos já que nunca sabemos o que acontecerá amanhã, ” anotou uma neta de 16 anos.
Mudanças pessoais
Muitos netos relataram mudanças em sua personalidade em consequência da doença de seus avós. Na maioria das vezes, as mudanças tinham a ver com comportamento.
Como uma neta de 15 anos que disse: “Preciso ser muito paciente porque se ele (avô) fizer algo errado não é de propósito e, mesmo que eu tenha que repetir a mesma coisa para ele, cinco vezes, eu tenho que fazê-lo sem ficar zangada.”
Visões sobre envelhecimento
De acordo com o estudo a visão dos participantes em relação ao envelhecimento foi influenciada tanto negativa como positivamente pela doença dos avós.
“É o preço que se paga por viver tantos anos,” reagiu um neto de 21 anos.
Uma neta de 21, declarou: “Aprendi a entender o envelhecimento, e ver que o envelhecimento não é sempre uma mera ante sala da morte”.
“Pessoas podem envelhecer de diferentes maneiras”, escreveu uma outra neta de 21.
Família
Alguns netos ressaltaram a importância dos relacionamentos familiares. “As famílias estão aí para os momentos bons e maus”, explicou uma neta de 21.
“Eu acho que aprendi a valorizar minha avó e tudo que ela fez por mim. Agora é minha vez de ajudá-la em tudo que puder”, escreveu uma neta de 15 anos.
Dicas para lidar com a demência de avós
Conforme os pesquisadores, 134 netos deram dicas de como lidar com a doença. Principalmente aconselharam outros jovens a aceitar a doença dos avós e visitá-los regularmente.
“Aceite a doença”
“Você deve se lembrar de seus avós como eles eram. Grave em sua memória os melhores dias passados com eles. O avô (ou avó) te ama”, aconselhou uma neta de 19 anos.
“Se você fica triste em ver seu avô assim, a melhor coisa que você pode fazer é falar com alguém de sua família ou com alguém que tenha tido uma experiência semelhante e que pode entender como você se sente”, acrescentou uma neta de 18 anos.
“Faça visitas regulares”
“É importante visitá-los regularmente. Embora seja doloroso vê-los naquela situação, você pode fazê-los felizes, mesmo que ele já não esteja mais consciente de nada”, observou uma neta de 18.
“Ajude-os tanto quanto puder, mas sem ficar obcecado demais com isso”, avisa um neto de 14.
“Não os trate como doentes, tente fazê-los se sentirem melhor, fazendo-os rir e conversando com eles de um jeito positivo e feliz”, sugeriu uma neta de 20.
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Veja mais em: “Love between grandparents and grandchildren – a many splendored thing”.
O estudo envolveu 87 moças e 57 rapazes de Barcelona/Espanha e foi desenvolvido na Universidade Rovira i Virgili de Tarragona/Espanha.
http://aginghorizons.com/2009/08/study-love-between-grandparents-and-grandchildren-a-many-splendored-thing/#sthash.JaKnZACa.dpuf
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Adaptação de T. Mizutani
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