Artigo escrito por: Daiana Barasa
O Estatuto do Idoso será apenas letra morta e continuará desrespeitada, se não houver participação efetiva dos idosos em sua defesa. É chegado momento de refletir, questionar, discutir, fazer boas escolhas e cobrar.
Envelhecimento Ativo: Participação efetiva na sociedade
Nos últimos anos um novo termo passou a ser utilizado para se referir à participação do público idoso na sociedade: envelhecimento ativo. Um termo pertinente a pessoas que não estão apenas envelhecendo, mas vivendo e também contribuindo para a vida em sociedade.
Aquele pensamento de que o indivíduo depois de muito trabalhar irá descansar e envelhecer sem “grandes esforços” já caiu por terra há algum tempo. E essa mudança é tão significativa e impactante em nossos dias que a própria ONU (Organização das Nações Unidas), determinou que o termo envelhecimento ativo fosse utilizado a partir dessa mudança de conceitos.
Envelhecer não quer dizer “exclusão” da sociedade.
Idosos no Brasil e no mundo almejam por qualidade de vida, querem continuar exercendo seus papéis como cidadãos participativos na sociedade e esse comportamento atual é responsável, inclusive, pelo aumento da expectativa de vida. Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a expectativa de vida no Brasil aumentou de 62,7 para 73,9 anos e a tendência é que nos próximos anos aumente ainda mais.
Apesar da consciência dos órgãos públicos sobre essas mudanças, as políticas públicas brasileiras ainda não são efetivas e completas para atender as necessidades do público idoso.
Na verdade, a problemática não é de difícil compreensão, afinal, vivemos em uma sociedade que valoriza a juventude. As crianças são o futuro do país e espera-se que esse futuro seja composto por pessoas “jovens”. Afinal de contas, o que é ser jovem? Porque embora a palavra tenha conotação direta com a vivacidade e aparência física, a juventude se refere muito mais a um estado de espírito. O corpo físico respeitando a ordem natural da vida envelhece, mas a mente e os ideais devem permanecer vivos e atuantes e, é essa consciência que está intimamente ligada com o termo envelhecimento ativo.
Qualidade de vida do idoso
Pensar na qualidade de vida dos idosos não é buscar uma nomenclatura que defina seu espaço na sociedade, termos como “terceira idade”, “melhor idade” ou como está sendo discutido na cidade do ABC, São Caetano do Sul, a criação da “Quarta Idade” (para o público de pessoas com mais de oitenta anos), enfim, não são termos que fazem a diferença para o público idoso, o que realmente fará a diferença é o entendimento da sociedade de que os idosos em nenhum momento foram destituídos do seu poder de decisão na sociedade, do seu poder de ir e vir, do seu poder de viver a vida como lhe convém com qualidade.
A grande hipocrisia em nossa sociedade é: Idosos merecem o respeito; Idosos merecem atenção; Idosos merecem cuidados etc. Acima de tudo, é importante que a sociedade compreenda que “Jovens merecem se tornar idosos”. Ser idoso não é uma consequência “mórbida” do ciclo natural da vida, é um processo natural e ATIVO.
Se você é idoso ou tem em casa um ente querido idoso, a pergunta que lhe faço é:
Você escolhe para o idoso uma vida ativa ou encurralada pela sociedade com seu poder de decisão limitado?
Se você é jovem, lhe pergunto:
Você quer envelhecer com qualidade de vida ou quer se fiar em uma juventude efêmera que na maioria dos casos não é sinônimo de juventude?
Reflita, questione, discuta …
Estamos em período eleitoral, e mesmo em uma situação política difícil no Brasil, é importante se preocupar com as questões relacionadas à qualidade de vida dos idosos. Não bastam políticas públicas ou a existência de um estatuto, é importante que essas regulamentações sejam efetivas e para isso é preciso se movimentar e discutir.
O que achou? Quer acrescentar algo? Participe. Agradecemos seus comentários.
Daiana Barasa: Grupo Sare
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